terça-feira, 26 de julho de 2011

Unesco e governo do Japão oferecem bolsas de doutorado



A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em parceria com o governo do Japão, abriu inscrições para o Programa de Investigação em Doutorado. O tema a ser desenvolvido é Meio Ambiente, com foco em estudos relacionados à água. O projeto de pesquisa será desenvolvido entre setembro de 2012 e dezembro de 2013.
As inscrições deverão ser feitas até o dia 13 de janeiro de 2012. O programa é voltado para estudantes que estão atualmente cursando um mestrado ou outro curso de pós-graduação.
O candidato deve ter interesse em pesquisar temas de relevância para seu país de origem e não deve ter mais que 40 anos de idade.
Os selecionados realizarão pesquisas no exterior, de preferência em países de sua região. A Unesco dará prioridade aos candidatos de países em desenvolvimento, incluindo o Brasil.
O valor da bolsa pode variar de US$ 6 mil a US$ 10 mil, dependendo do tipo de pesquisa e do orçamento necessário. O estudante que tiver interesse em participar deve procurar a Divisão de Acordos e Assuntos Multilaterais Culturais do Itamaraty pelo e-mail damc@mre.gov.br

Mais informações: http://portal.unesco.org

sábado, 16 de julho de 2011

Permacultores Urbanos

Marco e Eveline vivem em uma casa no bairro do Passaré em Fortaleza. Juntos eles cultivam e recuperam mudas nativas e frutíferas, cuidam da sementeira e compostam todo o resíduo vegetal que produzem.  

A composteira foi feita por Marco com madeira e plástico recuperados na rua. Possui telas para areação nas laterais e três compartimentos para material em diferentes etapas da compostagem. “O composto fica ótimo, colocamos serragem por cima, não tem mal cheiro e nem atrai bichos”. Esperamos logo recuperar material adequado para construir um minhocário.
"Fortaleza ainda tem algumas áreas verdes onde recuperamos sementes e mudas que nascem espontaneamente". Assim, o casal cuida de uma sementeira e varias mudas. No viveiro da casa encontramos diferentes espécies nativas, frutíferas, e medicinais. Eveline é enfermeira, conhece, usa e divulga a importância dos remédios caseiros feitos com plantas medicinais "são práticas antigas, minha avó fazia muitos remédios, chás, infusões, mas estas práticas estão sendo abandonadas. Qualquer gripezinha ou dor de cabeça o pessoal já chega no posto pedindo remédio. Não existe mais aquele cuidado caseiro que se tinha antes".
Nos tempos livres, o casal tem arborizado praças e calçadas do Passaré, principalmente nos caminhos rotineiros “para podermos olhar e dar atenção a cada uma das mudas plantadas na rua”.  

Um sábado de PlantAção!

Enquanto preparávamos o material na praça, juntaram-se a nós Talibãm e sua turma que passavam bem na hora. Curiosos perguntaram:
- Mas por que vocês estão fazendo isso, vocês são jardineiros?
- Sim, somos jardineiros, vocês não querem ajudar a gente?

Pouco a pouco e desconfiados Talibãm e os outros foram se aproximando, observando e interagindo.
- Posso cavar?
- Não sei não, olha que cavar buraco para plantar não é pra todo mundo. 
Cavaram o buraco para a muda, sentiram a terra e a textura do adubo.
- Esse adubo é feito lá em casa.
- Que nojo! Adubo é cocô!
- Pode ser. Tudo o que vem dos seres vivos pode virar adubo. Nós fazemos adubo com folhas e resto de comida.
- É isso aí Talibãm, tu leva jeito pra plantar cara!
- Acho que o tamanho do buraco já está bom.

- É uma pena que esse solo esteja muito molhado, talvez a muda não sobreviva. Vocês estão vendo? O pessoal construiu essa praça em uma zona de brejo. Aqui é perto do rio e a chuva alagou tudo. De todas essas plantas, só a carnaúba gosta de zonas alagadas desse jeito.

- Mas planta não gosta de água?
- Gosta sim, mas da mesma forma como nós gostamos. Quando nós estamos com sede bebemos apenas o tanto certo para matar a sede não é? A planta é do mesmo jeito, se colocar água demais, enche a barriga dela e ela fica se sentindo mal.
Então todos juntos plantaram o pequeno Cambuí (Myrciaria tenella), já bastante grandinho para o saco em que estava vivendo.  
- Além da terra ser muito molhada, a mudinha vai ter que enfrentar as vacas e as pessoas que arrancam os galhos dela.
- Mas a gente sempre passa por aqui, a gente olha ela pra vocês.
-Legal pessoal! Muito obrigada pela ajuda e mais ainda pelo cuidado que vocês estão tendo com essa nova companheira da praça.

Talibãm e sua turma se despediram e partiram sabendo que, daquele dia em diante, aquela mudinha plantada por eles ia precisar de muita atenção e cuidado.
- Bem, ainda tem sol, vamos plantar mais uma? Simbora!

Em um canto mais afastado da zona alagada, plantamos uma Ingazeira. Seu Lucivaldo, morador da casa em frente a praça veio trocar uma ideia.
- Vocês são da prefeitura?
- Não, não, moramos aqui perto. Estamos trazendo umas mudas para plantar na praça que está precisando de umas árvores.
- Ôche, já tentei plantar muita planta por aqui, mas o gado passa e come tudo. Senão é o gado é o povo mesmo que vai e arranca. E essa planta aí qual é?

- É Ingazeiro (Inga cylindrica). O senhor acha que o gado come uma muda já desse tamanho?
- Não sei, talvez não, ela já está grande né? Se o gado não comer, ela vai pra frente viu! Mas eu moro aqui do lado, vou ficar de olho nela.
E foi assim que, nessa tarde de sábado, plantamos um Cambuí e um Ingazeiro, com a esperança de uma praça mais verde e levando a mensagem de que é apenas com cuidado e atenção para com tudo o com todos que cultivaremos flores.